Maria Izilda de Castro Ribeiro (a menina Izildinha) nasceu aos 17 de Junho de 1897, em Pólvoa de Lanhoso, Portugal. Filha de João Rodrigues Ribeiro e Alice de Castro, morreu aos 13 anos de idade, com leucemia, no dia 24 de Maio de 1911, às 15 horas, nos braços de seu irmão Antonio, na cidade portuguesa de Guimarães. Seu padrinho de batismo foi o padre João Duarte Macedo, respeitado abade de Domin. Sua madrinha, Nossa Senhora. De praxe, na época, dava-se o nome da madrinha, por isso, Maria Izilda. Dividida entre a residência de seus pais e avós maternos, onde morava, Izildinha foi se debilitando. Seus avós montaram seu quarto em um porão que, apesar de limpo e até luxuoso, era escuro e sem ventilação. Certo dia ao visitá-la, sua mãe viu sua fragilidade e a levou imediatamente ao médico. Foi então diagnosticada a terrível leucemia. Voltando ao convívio dos pais, começa o calvário de Izildinha. Entre seus seis irmãos, Constantino, José, Bernardo, Antonio, Fernando e Julio, apenas Antonio e Constantino tinham contato frequente com a irmã, além de sua mãe Alice, em seu leito. Em sua curta vida nesse mundo, Izildinha nunca reclamava de nada. Ao contrário, preocupada com os gastos do pais com sua saúde, dizia que logo tudo iria passar. Assim aconteceu. Izildinha se foi aos 13 anos, junto ao Senhor. Após sua morte, seu irmão Constantino de Castro Ribeiro vem ao Brasil "tentar a sorte". Trabalhou no Rio de Janeiro e São Paulo. Foram serviços pesados e difíceis na década de 1920. Depois de muito trabalho, Castro Ribeiro compra uma pequena indústria, quase falida, em Monte Alto, São Paulo e a transforma em um polo industrial com nome de "CRAI". Foi em Monte Alto que conheceu Rosinha, sua esposa. Guerreira e sempre ao lado do marido, Rosinha foi o apoio necessário para o crescimento comercial de Constantino. De início fabricavam marmelada e outros doces de frutas produzidos na região. Com o avanço da tecnologia, rara na época, mas adquirida por Castro Ribeiro, partiram para a produção desde feijoada enlatada, dobradinha, grão de bico temperado, até doces de frutas não típicas da região, como o damasco e o pêssego. Constituíram um patrimônio invejável na cidade de Monte Alto. Não tiveram filhos, mas Castro Ribeiro falava muito de sua irmã Izildinha à sua esposa. Com o tempo, Rosinha começou a se comunicar com Izildinha através dos sonhos e contava ao marido detalhes sobre Izildinha, como se tivesse vivido com ela em Portugal. Certa vez, após grande festa na fábrica de Castro Ribeiro, na madrugada, apareceu Izildinha à Rosinha, em seu quarto, comunicando o início de um incêndio em um dos pavilhões da indústria. Castro Ribeiro foi acordado e constatou que era verdade. O incêndio foi combatido e uma tragédia evitada. Os contatos entre Izildinha e Rosinha eram freqüentes. Rosinha sabia detalhes sobre a infância do marido e Izildinha em Portugal o que deixava Castro Ribeiro intrigado e o fez decidir por realizar um antigo desejo: trazer o corpo de Izildinha ao Brasil. Em 1950, 39 anos após ser enterrada, Castro Ribeiro trouxe os restos mortais da irmã. A história do mito popular e fenômeno de fé começou nesse momento. A exumação do corpo causou espanto: estava intacto, coberto por flores ainda viçosas. A notícia logo se espalhou. Após muita relutância do povo português, Castro Ribeiro conseguiu trazer o corpo da menina para o Brasil. Na cidade de Santos foi feriado e a multidão acompanhou o translado até São Paulo, onde foi sepultada. O túmulo tornou-se ponto de peregrinação e centenas de graças, principalmente relacionadas à cura de crianças, começaram a ser atribuídas a menina Izildinha. Seu irmão Constantino, já havia se tornado destacado negociante, com título de comendador e resolveu então levar o corpo de Izildinha para Monte Alto. O povo da cidade ficou entusiasmado. Com o dinheiro arrecadado junto aos devotos, Constantino construiu um riquíssimo mausoléu, projetado pelo engenheiro Dr. Antonio Mazza, com valiosos mármores e trabalhos em bronze retratando toda a vida de Izildinha. O mausoléu foi construído bem em frente ao terreno de sua indústria de alimentos. No dia 08 de Março de 1958, o corpo de Izildinha foi transferido para Monte Alto. É relatado que uma multidão de 10.000 pessoas e uma chuva de rosas receberam o corpo da menina Izildinha. A tradição tomou forma e até hoje as pessoas agradecem as graças alcançadas deixando flores no mausoléu da menina. O culto à menina Izildinha se expandiu. Na década de 60, depois de Constantino se desfazer de sua fábrica em Monte Alto, tentou retirar o corpo da irmã para sepultá-lo novamente em São Paulo. No momento do embarque do corpo, a população de Monte Alto entrou na frente do carro e impediu o transporte. Começou então uma briga na justiça pelo direito ao corpo da menina Izildinha. Constantino perdeu em 1ª instância, apelou, mas, em 1964, depois de grande embate, o Tribunal de Alçada deu a causa como ganha para a cidade de Monte Alto e o corpo foi incorporado ao patrimônio do município. O irmão, Constantino, magoado, nunca mais voltou à cidade. Depois de alguns anos, Rosinha morreu. Constantino, sem nenhum apoio e sem dinheiro, morreu em um asilo e hoje está enterrado em São Paulo, ao lado de Rosinha, no jazigo que mandara construir para a irmã. Izildinha não é reconhecida pela igreja, o que não faz diferença alguma para a demonstração de carinho e fé por milhares de devotos. A época de maior peregrinação ao mausoléu de Izildinha, em Monte Alto, acontece em meados de Junho, quando se comemora o aniversário da menina e os fieis de Monte Alto rezam uma novena à sua memória. Hoje, os restos mortais repousam em um caixão de chumbo e não podem ser admirados. A lenda do corpo intacto resiste. Um ex-administrador do mausoléu, Luís Antônio Guimarães, conta que abriu o caixão há uns dez anos para executar alguns reparos e ele continuava perfeito.