ARQUIVO SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

A arte e a beleza dos carros de boi

Por Toninho Cury

Foi durante o “Revelando São Paulo – Festival da Cultura Paulista Tradicional”, no último dia 11 de Janeiro de 2014, na região rural de Bom Jesus dos Perdões, que fotografei uma belíssima procissão de carros de boi, que conduziu a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, da Capela Rural de São Gonçalo, ao Santuário de Bom Jesus dos Perdões.

Até que tentei fotografar em cores, mas foi impossível. Na hora, me veio à mente, fotos antigas de carros de boi. Me lembrei de velhos fotógrafos da época do império. Dom Pedro II, foi um deles, também considerado o primeiro fotógrafo brasileiro. Tinha conhecimento de suas imagens tiradas em daguerreótipos. Não deu outra, fiz tudo em preto e branco, sepiadas e com máscaras. Aproximei ao máximo às fotos feitas pelas mãos do imperador.

Abaixo, um breve histórico sobre carros de boi. Se você “curte”, é um prato cheio.

Vamos lá:

Conheça as peças de um carro de boi:

Peças de Madeira: canga, jugo, canzil, cambão, chavelha, torno e cambito.

Peças de couro: brocha, tamoeiro, passador, tiradeira ou soleira, tiradeira da chavelha, correias de chifre, trava, conjuntas e gargalheira.

Peças de ferro: correntes, chapas e argolas.

Os carros de boi, também eram chamados por: “carros gementes”, “carros que cantam” e “carros cantantes”.

 

COMO SE PRODUZ O CANTO DOS CARROS DE BOI:

Segundo o escritor José Bernardino de Souza*, “o canto do carro de bois é produzido pelo atrito das empolgueiras ou cavas do eixo, contra os cocões que nelas trabalham e os chumaços que se sotopõem às chedas da mesa do carro”.

(* “Ciclo do Carro de Bois no Brasil” – Cia.Ed.Nacional -1958 – pág.314)

 

O QUE DEIXARAM ESCRITO OS QUE CURTIRAM E VIVENCIARAM OS CARROS DE BOI:

“Ai dos carros de bois que nas estradas cantam” – Alberto de Oliveira – Poesias, pág. 118.

“Carros chiam nas terras baixas” – Camilo Castelo Branco – Eusébio Macário – pág. 16.

“Os carros de bois passam gemendo sob o peso da cana madura para os picadeiros” – José Lins do Rego – Banguê – pág. 14.