ARQUIVO SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Os 98 anos de Aristides dos Santos

Por Toninho Cury

Aristides dos Santos, nasceu em Campinas, SP, aos 12 de Fevereiro de 1914. Veio à Rio Preto com apenas 8 anos de idade. Daí para frente, só trabalhou e vivenciou toda evolução da cidade. Na época, Rio Preto era conhecida como “boca do sertão”.
Aristides vendeu doces nas ruas. Estudou no “Cardeal Leme”, trabalhou em sorveteria, foi servente de pedreiro para ajudar a levantar a casa de sua mãe, tudo isso, antes de completar seus 20 anos. Após os 20 anos, adotou a profissão de engraxate, que lhe rendeu a formatura de seus filhos e a aquisição da sua casa própria.
Foi comissário de menores e oficial de justiça. Fez bicos de viajante em raros dias de folgas e o mais importante, conquistou muitos amigos.
Vivenciou em sua “Engraxataria São Jorge”, na Rua Bernardino de Campos, quase esquina da Jorge Tibiriçá, as gestões de grandes políticos rio-pretenses, bons e maus momentos da cidade. Presenciou Alberto Andaló fazendo a barba de Bady Bassitt, devido uma aposta política, cena que foi perpetuada pelas lentes mágicas de Jaime Colagiovanni. Acompanhou também toda saga das famílias que perderam seus filhos no acidente do rio Turvo, entre tantas outras histórias que marcaram Rio Preto.
Um fato curioso, entre outros, que marcou sua vida, foi uma denúncia infundada de ser ele, um comunista. Foi o primeiro preso político de Rio Preto, durante a revolução de 1964.
Um detalhe pouco conhecido pelos rio-pretenses, é que o irmão de seu Aristides, José dos Santos, mais conhecido por “Zé Neguinho”, foi  pioneiro  no carnaval de rua em Rio Preto, com sua escola de samba. Isso aconteceu, até o ano de 1945, ano em que “Zé Neguinho” mudou-se de Rio Preto e não houve mais carnaval na rua Bernardino de Campos.
Aristides, até que tentou levar à frente a paixão do irmão, mas teve como resposta de um político responsável pelo setor, que “não daria dinheiro para pinguços”.
Com essa resposta, Aristides e os companheiros de “Zé Neguinho”, deixaram a escola de samba e Rio Preto ficou sem o “batuque” que tanto marcou muitos carnavais.
No último dia 10, a Prefeitura de Rio Preto, através da Secretaria dos Direitos e Políticas para Mulheres, Pessoa com Deficiência, Raça e Etnia, tendo como secretária Eni Fernandes, lhe prestou uma justa homenagem, em sua sede no Bairro Congonhas, com a presença de seus familiares e amigos.
Teve shows, declamações de poemas e o delicioso “comes e bebes”.
A professora Niminon Suzel Pinheiro, em um telão, mostrou em primeira mão, um rascunho do livro que lançará em breve, sobre a vida de Aristides dos Santos.
Abaixo, as fotos de Aristides em pleno vigor de seus 98 anos.
Nossos parabéns!