Chico Xavier - o adeus ao mensageiro

Por Toninho Cury.

Julho  2002

 

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”  Chico Xavier

Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, nasceu aos 2 de abril de 1910, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais. Foi o médium psicográfico brasileiro mais importante da história, célebre divulgador do Espiritismo no Brasil, tendo publicado mais de 400 livros. Sua mediunidade manifestou-se aos 4 anos de idade. Aos 5 anos conversava com a mãe, já desencarnada. Vendeu mais de 20 milhões de exemplares de seus livros cedendo os direitos autorais para organizações espíritas e instituições de caridade. Faleceu em Uberaba (MG), em Julho de 2002, aos 92 anos de idade, em decorrência de parada cardíaca. Segundo amigos e parentes próximos, Chico teria pedido a Deus para morrer em um dia em que os brasileiros estivessem muito felizes, e que o país estivesse em festa para que ninguém ficasse triste com o seu passamento. No dia do seu falecimento, o país festejava a conquista da Copa do Mundo de futebol. Chico Xavier é lembrado principalmente por suas obras assistênciais em Uberaba, onde criou uma fundação para auxiliar pessoas pobres, assistidas com o dinheiro oriundo da vendagem dos livros.

 

A Luz cândida

 

01 de Julho de 2002 - “Cheguei na Casa da Prece, em Uberaba, por volta das 15h30 do dia 1º. Lá estava sendo velado o corpo do médium Chico Xavier. Imaginava a Casa da Prece, local onde Chico Xavier atendeu por 25 anos, um lugar amplo. Enganei-me. Encontrei algo semelhante a uma edícula, com três cômodos, dois banheiros externos, pequena varanda na entrada e na frente do terreno um jardim com muitas flores (ocupando cerca de 70% do espaço total). Enfim, lugar modesto, retrato fiel do que foi Chico Xavier durante toda a sua vida".

 

O Velório

 

"As pessoas formavam uma fila de quatro quilômetros e aguardavam pacientemente para dar o último adeus ao mestre. Segundo a polícia militar, o fluxo era de 40 pessoas por minuto passando pelo caixão. Tempo apenas para dar um toque nas mãos de Chico Xavier. Ninguém reclamava. Apesar do calor e da demora, valia o sacrifício, pois ali, estava um dos maiores brasileiros de todos os tempos e o maior símbolo da doutrina espírita no país. A noite caiu e a multidão continuava sua romaria para a última homenagem e adeus. As formas de saudações e preces variavam. O músico, com o violão nas mãos, cantava emocionado. O repentista dava seu recado de forma simples e objetiva. Representantes de diversas comunidades faziam discursos calorosos. Viam-se católicos, evangélicos e até um grupo gospel que cantou em coro. No som ambiente da Casa da Prece, ouvia-se de Ravel a Roberto Carlos. Na madrugada, a música ‘Detalhes’, do rei, foi tocada e cantada duas vezes pelos presentes".

 

Fábio Victor

 

"O menino Fábio Victor, 3 anos, residente em Belo Horizonte, também foi se despedir do amigo. Era comum a mãe do menino levá-lo para visitar Chico Xavier. O médium gostava muito do pequeno Fábio, que sempre dava-lhe um ‘selinho’ (beijo). No momento da morte de Chico Xavier, a criança estava em Belo Horizonte e disse à mãe ter visto o ‘tio Chico’. A mãe disse que em breve o levaria à Uberaba e o menino foi ao quarto dormir. Mais tarde, a mãe ficou sabendo pela televisão que no momento em que seu filho disse ter visto o ‘tio Chico’ foi o exato momento de sua morte. Estarrecida, a mãe seguiu viagem com o pequeno Fábio para dar o último ‘selinho’ no ‘tio Chico’".

 

A partida

 

"Ao som da “Canção da América” partiu o caixão com Chico Xavier, sobre o caminhão do Corpo de Bombeiros. Era a última imagem daquele que durante toda vida carregou consigo uma luz cândida no nome, corpo e alma. Como queria, partiu em dia de festa e alegria, enquanto o povo brasileiro festejava a conquista da Copa do Mundo de futebol. Éramos pentacampeões! Assim, Francisco Cândido Xavier, de carona com o penta, partiu, levando a Deus, a estrela da conquista do bem ao próximo. Valeu, amigo!!” (TC)