ARQUIVO SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Fim de jogo

Por Toninho Cury

               
" Fecham-se as cortinas e termina o espetáculo ! "
(Fiori Gigliotti)
 
 
 
Nosso querido Mário Alves Mendoça foi demolido. Palco de grandes estrelas do futebol, como Pelé, Rivelino, Adhemir da Guia, Gino, Ivair e muitos outros, ficaram apenas as lembranças de um santuário da época de ouro de nosso futebol. O estádio foi definhando com o tempo. Sentia o avanço dos anos vividos, na mesma intensidade daqueles dirigentes calorosos de outrora. Até parecia que tinha  vida! Um coração pulsante e alma! Foi demolido ao som de rompedores de concretos, aquele "tok,tok,tok,tok" dia e noite, dando a impressão de estar em uma U.T.I. assistindo um doente em fase final.  Ao fim do "tok,tok" não se viu mais nada, apenas entulho e pó.
 
Era Janeiro de 2001. Restavam alguns degraus no alto da geral contíguos ao Cemitério da Vila Ercília, para serem demolidos. Lá de cima, ao invés do batuque da torcida, era o "tok,tok" demolidor que se ouvia. Por um momento, funcionários pararam suas máquinas em respeito ao enterro que passava pelas ruas do cemitério. Coisa do destino?  Era nosso querido Benedito Teixeira (o "Birigui"), maior escudeiro do América F.C. partindo ao descanso eterno. Dava a impressão, naquele triste  e misterioso momento, que ambos choravam suas perdas.  E nós que vivenciamos grandes espetáculos por lá, choramos também.
Naquele Janeiro, todas as cortinas foram fechadas e nunca mais tivemos grandes espetáculos.