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A tragédia do Turvo

Publicado terça-feira, 22 de agosto de 2017

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“ 24 DE AGÔSTO, DEVERIA SER FERIADO EM RIO PRETO. MAS...”

 

Dia 24 de Agosto de 1960, foi o dia em que morreram 59 estudantes da “Escola Técnica de Comércio D.Pedro II” em um terrível acidente na antiga ponte de madeira do Rio Turvo.

Os estudantes partiram de Rio Preto, por volta das 18h30, em dois ônibus da “VAP”, Viação Aprazível Paulista, até Barretos, SP. Um ônibus levava as meninas e o outro, os meninos e seus instrumentos da fanfarra. O destino, era a apresentação na manhã do dia seguinte, na cidade de Barretos, em uma homenagem ao Duque de Caxias.

Por volta das 19h30, portanto, uma hora após a partida, o motorista perdeu o controle do ônibus e caiu no rio, matando 59 estudantes com idade entre 14 e 23 anos.

Depois disso, Rio Preto nunca mais foi a mesma...

Abaixo transcrevo parte do livro “Eram 59” do professor Nelson Castro

“SILÊNCIO, RIO PRETO !

Seis horas da tarde. SILÊNCIO ! Nada se ouve ! Paira no ar a tristeza, a dôr e a agonia das nossas almas. SILÊNCIO, porque no Campo Santo os colegas de Alaor, de José Carlos, de Negrelli, de Marden, de Belini, de Genésio, Jorginho, Amauri, Salomé, dos Spinelli, de Paulinho, enfim, os companheiros traumatizados do 59 moços desta terra querida, vão tocar SILÊNCIO ! Vão enviar os sons da última clarinada... Toque direitinho Arnaldo Luiz Cherubini. Perfilem-se, Amilton Nazareth e Volpe Zoponi, porque nunca mais, nunca mais ouvirão êles o rufar marcante de seus tambores e as notas de seus clarins. Passeatas ? Desfiles ? Competições; Concursos de fanfarras ? Sete de Setembro ? Não, nunca mais aqui na terra; mas, para todo e sempre no Paraíso Celeste. Como tocavam bem! Desfilavam garbosos, bonitos, imponentes, cheios de ufania.

Por isso, Deus os levou para Sua fanfarra. Ouçam como tocam. Como vibram seus clarins ! Vejam; aquêle não é o Celino dos Santos ? E aquel’outro, não é o Roberto ? Admirem o Sinclair ! Que simpático está a Nafazinho ! Todos juntos, perfilados para ouvirem, SILÊNCIO. SILÊNCIO doído dos seus companheiros...SILÊNCIO na terra, SILÊNCIO nos céus, porque a fanfarra da Escola do querido mestre Dr. Alberto Ismael, vai retribuir a última continência aos colegas que aqui ficaram. Ela vai começar: ouçam. Vai tocar SILÊNCIO, lá no alto, para suas queridas mãezinhas ouvirem como êles ainda tocam bem. SILÊNCIO para seus maninhos saberem que êles estão mesmo na Glória de Deus. SILÊNCIO, senhores, para a saudade amarga, dorida e cruel que êles deixaram em nossos corações.

CHORA  EM SILÊNCIO, MINHA RIO PRETO TRISTE !”

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