Publicado quinta-feira, 23 de julho de 2015
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Quinta-feira, 12 de Abril de 2001, duas da tarde, chegava o Sr. Aristides dos Santos em meu escritório no centro de Rio Preto, SP.
Na semana anterior, tínhamos combinado para nesse dia, descermos pela Rua Bernardino de Campos, para que o Sr. Aristides me relatasse como era o comércio antigo da principal rua da cidade.
Aristides foi líder negro, engraxate, comissário de menor, oficial de justiça e escritor. Durante toda sua vida trabalhou na região central da cidade. Dotado de uma memória fantástica, tive a honra em tê-lo como amigo e toda semana recebia sua visita em meu escritório. Eu era mais ouvidos que palavras quando estava com o Sr. Aristides, pois era uma fonte inesgotável de conhecimento. Sabia tudo sobre a Rio Preto antiga.
Nossa ligação vinha desde minha infância, pois meu pai o tinha como principal cuidador de seus sapatos. Daí, o carinho e a admiração com o amigo que se foi no ano de 2013, aos 99 anos de idade.
A foto postada, é da estação central de trem, mais conhecida por “Fepasa”. Lá, foi nosso ponto final do “passeio histórico” regado com muitas fotos e fatos.
Na hora que o fotografei, Aristides lamentou o banco quebrado: “conheci os donos da fábrica de salames, pena que o banco está quebrado”.
Relatou dados curiosos sobre as “Casas Bueno”, “Hotel Camarero”, “Irmãos Sinibaldi”, “Casas Rignani” e muitos outros gigantes do comércio dos anos 20, 30, 40 e 50, incrustados nos bancos de granilite. O que falta para eterniza-los, é zelo.
A cidade deve muito aos anunciantes dos bancos da “Fepasa”. Para mim, a principal “tábua” histórica de nosso desenvolvimento.
Essa foi a última visita de Aristides à antiga estação. Meses depois, suas portas foram fechadas “a sete chaves” e os bancos retirados de seus lugares originais.