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'Caruaru' de corpo e alma

Publicado terça-feira, 22 de março de 2016

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Minha homenagem ao personagem rio-pretense
 
(Foto e texto de Toninho Cury)

Esse é o personagem do folclore rio-pretense, Mario da Silva, ou simplesmente Caruaru, como gostava de ser chamado.

Carregador de malas da antiga “EFA”, depois “Fepasa” e finalmente, na decadente “Estação Rodoviária de Rio Preto”.

Após os setenta anos, Caruaru, já sem forças nos braços, passou a guardar carros durante as noites em bares das Avenidas Andaló e Bady.

O último sobrevivente do quinteto folclórico de minha geração, que era formado por “Vandeca” (capitã da cavalaria aérea), “Canguçu” (o tigre que plantava bananeira nos galhos das árvores), Mula manca (que tinha a cabeça do diabo na bengala) e “Cabeça Branca” ( o louco que corria atrás de todos).

Dos citados acima, Caruaru era o mais “pacífico”. Isto é, o que suportava mais as brincadeiras de mau gosto.

Para irritar Caruaru, durante as noites e madrugadas, desamarravam da árvore sua jerica de madeira (carrinho de mão onde morava), e a soltavam rua abaixo no cruzamento das ruas General com Tiradentes.

Pecado ! Caruaru acordava quarteirões abaixo, muitas vezes “ralado” pelo asfalto, na Avenida Bady Bassitt. Coisas de moleques mau educados e marmanjos inconsequentes.

Caruaru era um homem gabiru, pouco mais de um metro de altura e residia literalmente, no carrinho bem ajeitado com teto sintético doado pelo empresário Waldemar Perdiza, dono das “Capotas Perdiza”, uma tradição em capotas e capas automotivas de Rio Preto, nos anos 50, 60 e 70.

Assim, Caruaru entrou para a história do folclore de Rio Preto.

Com a construção do calçadão, Caruaru tomou outros rumos e mudou sua “moradia”.

Pernambucano de Catende, Caruaru morreu em Rio Preto no dia 20 de Agosto de 2012 aos 84 anos de idade.

Foi enterrado como indigente na cova 6963, quadra 5 do Cemitério do Distrito de Talhados.

Esta foto, fiz no dia 09 de Março de 2004, no “senadinho”.

Finalizo com a música composta pelo Caruaru em parceria com locutor e apresentador Silveira Coelho, já falecido e gravada pelo “Coral do Teatro Municipal de Rio Preto”.

“Lá vem o trem / xique, uuú /
Quem leva doutor / é o Caruaru
Faz tempo que aqui chegou e
Nunca mais foi embora /
Quem não conhece Caruaru /
Não é daqui, é de fora
Com seu jeito / com seu carrinho e seu boné
Mala lhe bate no peito
Esfrega na ponta do pé"

Esse é o Caruaru, de corpo e de alma!
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