Publicado sábado, 11 de março de 2017
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Quem vivenciou os anos 60, 70 e 80 na cidade de São José do Rio Preto, SP, certamente conheceu a senhora Carmela Dalva Lombardi, ou simplesmente “Vandeca”.
Figura folclórica, dizia ser agente da “cavalaria aérea”.
“Vandeca” era polêmica. Perambulava dia e noite pelo centro da cidade, discutindo o dia a dia político, cultural e artístico. Em tempos difíceis da “ditadura militar”, “Vandeca” era destemida. Criticava tudo e todos sem censura alguma. Xingava vereadores, prefeitos e autoridades em geral. Frequentava e participava de programas de auditórios de rádios e da extinta “TV Rio Preto – Canal 8”, sempre em defesa de suas “teses lunáticas”.
“Vandeca”, tinha como “ídolo - mor”, o radialista Marcelo Gonçalves, na época, um fenômeno em audiência. “Vandeca” tinha suas razões, durante toda sua vida, o radialista sempre a socorreu em seus momentos difíceis.
Tive o privilégio em conhecer e conviver com a “figura” polêmica. Era agressiva e dócil ao mesmo tempo. Certa vez, muito doente e no fim da vida, me pediu, se possível, que comprasse uma receita de remédios para o coração. Fomos até a farmácia do Willian Raad e comprei todos os remédios. Com os olhos lacrimejando e trêmula, “Vandeca” me deu um beijo, um abraço e disse; “sabe por que sou assim”, me calei na resposta que veio em seguida pela sua própria boca: “é que mataram meu filho em meu colo”.
Depois disso, a vi poucas vezes perambulando pelas ruas e em seguida a notícia de sua morte.
Taí aos amigos que a conheceram, a foto que fiz em um “7 de Setembro”, na Avenida Bady Bassitt, desfilando em companhia de seu cãozinho, com a “Cavalaria do 17º BPM”, como agente da “cavalaria aérea”.
“Vandeca”, um beijão em sua alma !
Toninho Cury – fotojornalista
Foto de Toninho Cury