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Publicado sábado, 19 de junho de 2021

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A POÇA, O COPO E A CRIANÇA, SEGUNDO SANTO AGOSTINHO

Certa vez, pelo ano de 1994, caminhava por uma estrada de pedras pela mística cidade mineira São Thomé das Letras, quando avistei uma criança retirando água com uma xícara descartável de uma poça d’água ao meio da trilha. Naquele momento, me veio à mente, os ensinamentos do padre Laurentino, meu professor de religião e profundo estudioso da obra de Santo Agostinho, nos anos 60, no Colégio Agostiniano São José, que sempre relatava um diálogo em uma praia, entre Santo Agostinho e o Menino Jesus em relação ao mistério da Santíssima Trindade.

Eis o diálogo:

“Santo Agostinho, observando atentamente o menino, lhe perguntou: – O que estás fazendo?

O menino, com grande simplicidade, olhou para Santo Agostinho e respondeu:

– Coloco neste buraco toda a água do mar! Diante da inocência do menino, o santo lhe sorriu e disse:

– Isto é impossível, menino. Como podes querer colocar toda essa imensidão de água do mar neste pequeno buraco? O anjo de Deus o olhou então profundamente e lhe disse com voz forte:

– Em verdade, te digo: é mais fácil colocar toda a água do oceano neste pequeno buraco na areia do que a inteligência humana compreender os mistérios de Deus!”

Esses raros momentos, são aqueles “cliques” que a gente guarda com carinho o resto da vida, que, vez e outra, surgem em momentos especiais em nossas passagens.

Quando fiz essa foto, consegui de forma simples compreender o que meu mestre religioso me passara.

Fiz a foto (sem diálogos) e com muito respeito, segui em frente deixando em paz a criança esvaziando sua poça.


Foto de Toninho Cury

Fotojornalista

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