Publicado quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
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Estava de saída para o trabalho, após o almoço desta terça-feira, dia 8, quando recebi a notícia da morte do amigo e fotojornalista Eduardo Secco. Profissional de linguagem marcante, era considerado a última vertente na linha do olhar dos saudosos Jayme Colagiovanni e Edson Baffi.
Sempre, nas palestras que ministro sobre linguagem fotográfica, na seção que titulei “Deus e o demônio”, cito Secco como um dos olhares mais aguçados do setor que conheci. Sabia bem associar figuras ilustres em primeiro plano (Deus) ao fundo poluído (demônio). Isto quer dizer, um presidente da República na época da Ditadura, sorrindo, tendo ao fundo um latão com a escrita “lixo”.
Esse era o Secco. Fotógrafo que trabalhou em todos os jornais de Rio Preto, desde o início da década de 70.
Outro detalhe da sua técnica em fotografia: em ambientes fechados, estava lá o Eduardo Secco, com sua “Pentax SP 500” e seu inseparável flash “Frata”, de lâmpada circular. Ele usava uma velocidade de obturador 1/60 avos de segundos e um diafragma f.8. Sempre era essa calibragem. A potência no seu flash era a mesma.
Um detalhe: a intensidade da luz era controlada através de seus dedos da mão esquerda. Pouca luz, quatro dedos na lâmpada. Muita luz, nenhum. Média luz, dois dedos. Acima, embaixo, dos lados... O resultado, fotos perfeitas e iluminação bem balanceada. Essa técnica desenvolvida por ele foi aplicada durante toda a sua trajetória como fotógrafo e tornou-o conhecido como o “mestre do flash Frata”.
Outra peculariedade de Eduardo Secco era sua afinidade com os animais. Tinha ele vários cães em sua casa. Para Secco, esses sim eram verdadeiros amigos. Quando o encontrava, primeiramente me contava das artes de seus “amigos”, para depois falarmos de fotografia e outros assuntos.
A última vez que estivemos juntos, foi no dia 1º deste ano, na Câmara de Rio Preto. Estava ele fotografando para um jornal local e havia me convidado para ir à sua casa para assarmos uma carne. Infelizmente, devido compromissos de início de ano, não foi possível. Seria sua despedida?
Com sua morte, Rio Preto perde um ícone do fotojornalismo. Nós, seus amigos, perdemos um grande parceiro. Fiel e honesto. Um homem sem rancores e de um coração imenso.